terça-feira, 30 de junho de 2009

Cresce a tensão entre o governo militar golpista de Honduras e comunidade internacional.


Nesta terça-feira pelo ocorrido da viagem do presidente hondurenho Manuel Zelaya para Nova York, onde fala hoje mesmo na Assembléia Geral da ONU, o governo golpista de Honduras, chefiado pelo ex-presidente do Congresso Nacional e atual presidente Roberto Micheleti, ordenou a captura do presidente Zelaya.

O pronunciamento dos militares faz referencia à viagem do presidente deposto a Honduras na próxima quinta feira, indicando que assim que pise em solo hondurenho o presidente Zelaya será detido e levado aos tribunais de justiça do país, controlados pela coalizão de direita que deu o golpe no último domingo.

A viajem do presidente Zelaya foi anunciada ontem desde Manágua, na Nicarágua, e alguns representantes da comunidade internacional já haviam confirmado acompanhar o presidente ao seu país, entre eles os presidentes de Argentina e Equador, Cristina Fernandez e Rafael Correa, e o secretario geral da OEA Jose Miguel Insulza.

Alguns espertos dizem que a atual pressão da comunidade internacional teria desarticulado o golpe militar em Hondura, indicando possibilidade de reversão. Mas ainda assim, a repressão continua forte nas cidades do país. Vários prefeitos apoiadores do presidente Zelaya estão sendo cassados mediante ordens de detenção a revelia que emite o governo militar.

As manifestações continuam nas ruas da capital Tegucigalpa, e em várias cidades do interior do país os movimentos se articulam para um ato massivo nas ruas da capital na quinta feira, quando chega ao país a delegação que acompanha o presidente Manuel Zelaya. Há dificuldade na locomoção das pessoas, e segundo a Telesur, o governo deu ordem de disparo contra os carros e ônibus que tentarem chegar a capital para o ato do próximo dia 2.

As reuniões que aconteceram em Manágua nos últimos dias, e também a declaração final da Assembléia Geral ONU nesta terça feira foram contundentes na condenação ao golpe militar, e no não reconhecimento do governo ilegal liderado por Roberto Micheleti. Ainda assim, o governo golpista segue reprimindo as manifestações populares, perseguindo ministros e lideres de movimentos sociais e sindicalistas, fechando e ocupando meios de comunicação, sem demonstrações de recuo ou de que irão desistir fácil da manobra que se está dando na democracia do povo hondurenho.

Seguimos apoiando aos trabalhadores de Honduras na luta contra o governo ilegal e fascista de Roberto Micheleti. Há que apoiar-se no internacionalismo real de usar, cada um as armas que possui para apoiar o povo hondurenho na luta pela soberania e pela transformação social.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Golpe militar hondurenho se torna cada vez mais repressivo.

O dia de hoje na capital hondurenha de Tegucigalpa foi marcado por forte repressão contra as mobilizações contra o golpe militar que se deu no país na madrugada do dia de ontem, domingo, 28 de junho.

Ao final da tarde de hoje, o governo golpista mandou seus efetivos fecharem os poucos veículos de comunicação que continuavam funcionando no país, principalmente os veículos internacionais que enviavam imagens desde Honduras para o resto do mundo. A equipe da televisora pública venezuelana Telesur foi detida pelos efetivos militares e para sua libertação foi necessária uma dura intervenção do embaixador de Venezuela em Honduras, que ainda se encontrava no país. O canal venezuelano é o único veículo internacional de comunicação que, desde o dia de ontem quando se deu o golpe. Além de Telesur, os poucos veículos independentes que continuavam informando a população hondurenha também foram fechados pelos militares, que alegaram questão de segurança o fechamento das televisoras. A jornalista da Telesur Adriana Sivori, assim como jornalistas da agência de notícias American Press (AP) foram detidos pelos militares e passaram por momentos difíceis em poder dos golpistas.

O presidente Manuel Zelaya, que atualmente se encontra na capital nicaragüense de Manágua, disse hoje que irá a Honduras na próxima quinta-feira junto à comissão da OEA que visitará o país neste dia.

Com uma população completamente desarmada, ficou fácil para o governo militar reprimisse as manifestações que ocuparam as ruas de Tegucigalpa, provocando duas mortes, inúmeros de feridos e vários desaparecidos; muitos destes dirigentes de movimentos sociais. As mobilizações cumprem o plano de atividades dos movimentos sociais que pararam o país com uma greve geral sem duração prevista, segundo alguns dirigentes, até o retorno definitivo do presidente Manuel Zelaya a suas funções de chefe de estado de Honduras.

Muito importante também dizer da cobertura que alguns meios de comunicação privados do mundo têm divulgado informações falsas sobre os ocorridos em Honduras desde ontem. Muitos desses veículos, com o objetivo de deslegitimas o presidente democraticamente eleito Manuel Zelaya reportam que o golpe militar acontece diante da tentativa do presidente Zelaya de aprovar no domingo sua reeleição como presidente da república. Sendo que a consulta que se daria no domingo se tratava apenas de uma pesquisa de opinião popular para saber da aprovação da população sobre a possibilidade de se convocar uma assembléia constituinte. É importante dizer que a consulta não teria nenhum caráter aprobatório, e não dizia da reeleição do presidente, senão que a possibilidade de uma reforma da constituição hondurenha.

Pela tarde, a Secretária de Estado norte-americano Hilary Clinton deu uma declaração dizendo que os Estados Unidos seguiriam com o compromisso de cooperação econômica com o governo hondurenho, e que o presidente Zelaya forçou toda a situação que ocorre em Honduras, ao insistir na convocação da consulta cidadã que ocorreria no domingo. Apesar de que pouco depois o presidente estadunidense Barack Obama tenha dado declarações de não reconhecimento a qualquer governos que não seja do presidente democraticamente eleito Manuel Zelaya, as declarações prévias da Secretária de Estado, demonstram que jamais estaremos enganados quando relacionamos os Estados Unidos com as intervenções fascistas de grupos militares de direita na região latino-americana, como o foi na Bolívia no ano passado, Venezuela em 2002, ou mesmo durante todos os sangrentos anos de ditadura militar em nossos países durante algumas décadas atrás.

No dia de hoje, várias reuniões se sucederam na capital nicaragüense de Manágua onde presidentes de todo o continente rechaçaram o golpe militar em Honduras e exigiram a restituição do presidente Manuel Zelaya no desempenho de suas funções como presidente do país centro-americano. Os presidentes dos países membros do ALBA – Alternativa Bolivariana para os povos das Américas, também de SICA – Sistema de Integração Centro Americana, Grupo do Rio, e convidados como o secretário geral da OEA José Miguel Insulza, permanecem na Nicarágua discutindo as medidas que serão tomadas no sentido de reverter a situação de golpe. O secretário da OEA também viajará a Honduras nesta quinta-feira, quando deve acompanhá-lo o presidente deposto Manuel Zelaya.

Também os países do ALBA decidiram por unanimidade retirar seus embaixadores de Honduras, assim como não reconhecer nenhum funcionário do poder público hondurenho que não faça parte do governo legitimamente eleito de Manuel Zelaya.


Leonardo Fernandes,
Caracas/Venezuela, 29 de junho de 2009.

2º dia do golpe Militar em Honduras.

2º dia do golpe Militar em Honduras.

Desde as primeiras horas do dia os canais públicos de televisão da Venezuela, principalmente o canal intercontinental Telesur, vem enviando informações desde Honduras ao vivo sobre a situação política no país centro-americano.
Há pouco tempo, a Telesur denunciou o cerceamento do trabalho da imprensa no país. Um grande número de veículos de imprensa forma tomados pelo exército golpista ou mesmo fechados deliberadamente e os únicos meios que continuam funcionando são os meios privados que somente reproduzem desenhos animados e programas de entretenimento.

A Telesur também divulgou imagem das mobilizações populares que estão ocorrendo neste momento em Tegucigalpa, capital hondurenha. Frente à greve geral convocada pelos sindicatos e movimentos sociais de todo o país, e o fechamento de vias na capital, o governo golpista mantém todo o país, principalmente a região onde se concentra o poder do país, fortemente militarizado, endurecendo ainda mais o cerco militar e a repressão no país.

Desde que lograram o golpe militar na manhã de ontem, domingo, os militares que detém o poder em Honduras deram uma série de declarações condenando a relação do presidente democraticamente Manuel Zelaya com presidentes sul-americanos como Fidel Castro e Hugo Chávez Fríaz.

A ministra de Relações Exteriores de Honduras, Patrícia Rodas, seqüestrada pelos militares na manhã do dia de ontem, foi trasladada para o México com vida, depois de horas sob poder das forças repressivas. A ministra se dirige hoje para Manágua, capital da Nicarágua para assistir junto ao presidente Manuel Zelaya à reunião do SICA – Sistema de Integração Centro-americana.

Ainda hoje, se está sendo realizada uma nova reunião entre os países membros da Alternativa Bolivariana para as Américas – ALBA – também em Manágua pelo segundo dia consecutivo.

Também foi convocada uma reunião de emergência do Grupo do Rio, numa articulação para envolver a governos que não fazem parte nem do ALBA, nem do SICA, como Brasil, Chile, Argentina, ambos que já manifestaram seu rechaço ao golpe militar em Honduras.

As mobilizações populares seguem fortemente nos mediações do palácio presidencial na capital Tegucigalpa, e em resposta, um grande efetivo militar protege o palácio do governo e se prepara para a reação, que no dia de hoje, demonstra ser mais forte do que no primeiro dia de golpe.


Leonardo Fernandes,
Caracas/Venezuela, 29 de junho de 2009.

Mais informações no site de Telesur: www.telesurtv.net

Eva Golinger: O primeiro golpe de Estado de Obama

[Nota: Nesse momentos são 11:15 da manhã, horário de Caracas. Manuel Zelaya, presidente de Honduras, está falando ao vivo na Telesur, desde San José (Costa Rica). Confirma que esta madrugada alguns soldados entraram abrindo fogo em sua residência e ameaçaram de morte a ele e sua família, si se opusera ao golpe de Estado. Se viu obrigado a acompanhar aos soldados, que o transportaram a uma base aérea, de onde voou a Costa Rica. Solicitou que o governo dos Estados Unidos emita um comunicado em que se condene o golpe, pois o contrário significaria sua relação com o mesmo.]

Caracas (Venezuela). – A mensagem de texto que chegou no meu celular esta manhã dizia assim: “Alerta, Zelaya foi seqüestrado, golpe de Estado em marcha em Honduras. Divulgue.” Foi um duro despertar em um domingo pela manhã, sobretudo para os milhões de hondurenhos que se estavam preparando para exercer, pela primeira vez, seu sagrado direito ao voto em um referendo consultivo sobre a convocatória de uma Assembléia Constituinte para reformar a Constituição. Supostamente, a disputa se contra no referendo convocado para hoje, que não é vinculante, senão apenas uma pesquisa de opinião para determinar si uma maioria de hondurenhos desejam, ou não, que se inicie um processo para modificar a Constituição.

Uma iniciativa deste tipo nunca teve lugar nessa nação centro-americana, cuja constituição é tão limitada que somente permite uma mínima participação do povo hondurenho em seus processos políticos. Tal constituição, redigida em 1982, no momento auge da guerra suja do governo de Reagan em centro - américa, foi desenhada para instituir aqueles que detinham o poder tanto econômico como político pudessem mantê-lo com mínimas interferências do povo. Zelaya, eleito em novembro de 2005 pela plataforma do Partido Liberal de Honduras, havia proposto a pesquisa de opinião para determinar si a maioria dos cidadãos estavam de acordo em que era necessária uma reforma constitucional. Sua proposta foi apoiada pela maioria dos sindicatos e movimentos sociais do país. Dependo desses resultados, seria organizado um referendo durante as próximas eleições de novembro para votar sobre a convocatória de uma Assembléia Constituinte, mas a pesquisa prevista para hoje não era vinculante, quer dizer, não tinha caráter aprobatório, de acordo com a lei.

De fato, vários dias antes do previsto para o referendo, a Corte Suprema de Honduras declarou ilegal a petição do Congresso. É preciso sinalar que ambos, Congresso e Corte Suprema, estão controlados por maiorias contraria a Zelaya e por membros do ultraconservador Partido Nacional de Honduras (PNH). A ilegalidade deu lugar a manifestações massivas favoráveis ao presidente Zelaya. No dia 24 de junho, o presidente destituiu ao chefe do alto mando militar, o general Romeo Vásquez, depois que este se negou a permitir que os militares distribuíssem o material eleitoral para a consulta de hoje. O general Vásquez, manteve o material sob estrito controle militar e se negou a distribuí-lo, inclusive aos seguidores do presidente, com a desculpa de que a Corte Suprema havia declarado ilegal a consulta prevista e, portanto, não podia obedecer a ordem presidencial. Igualmente ao que sucede nos Estados Unidos, o presidente de Honduras é que somente o comandante em chefe tem a última palavra em qualquer ação militar, pelo que se ordenou a destituição do general. Ángel Edmundo Orellana, ministro de Defesa, também foi demitido como resposta a esta situação que estava cada vez mais tensa.

No dia seguinte, a Corte Suprema de Honduras restituiu em suas funções ao general Vásquez, ao declarar “inconstitucional” sua destituição. Milhares de hondurenhos saíram às ruas de Tegucigalpa, capital do país, em apoio ao presidente Zelaya, como mostra de sua determinação de assegurar que a consulta não vinculante pudesse acontecer. Na sexta-feira passada, o presidente e um grupo de centenas de seguidores, marcharam até a base aérea para recuperar o material eleitoral previamente seqüestrado pelos militares. Aquela noite, Zelaya realizou uma conferencia de imprensa nacional junto a um grupo de políticos de diferentes partidos e movimentos sociais, na qual se fez um chamado à paz e à unidade no país.
Ontem, sábado, se informou que a situação em Honduras era tranqüila. No entanto, na madrugado de hoje, domingo, um grupo de aproximadamente sessenta militares armados assaltaram à residência presidencial e tomaram Zelaya como refém. Depois de várias horas de confusão, começaram a filtrar informações segundo as quais o presidente foi transportado para uma base aérea e levado para a vizinha Costa Rica. Até o momento não existem imagens do presidente e se desconhece si sua vida está em perigo.

Por volta das 10 da manhã , horário de Caracas, Xiomara Castro de Zelaya, esposa do presidente, denunciou ao vido em Telesur que na madrugada do domingo, os soldados invadiram sua residência disparando, bateram no presidente e o seqüestraram.
“Foi um ato covarde”, disse a primeira dama referindo-se ao seqüestro, que se deu em uma hora em que ninguém podia reagir. Castro de Zelaya fez também um chamado para que mantivessem com vida a seu marido e indicou que inclusive ela desconhecia seu paradeiro. Acrescentou que suas vidas seguem em “grave perigo” e pediu que a comunidade internacional denunciasse este golpe de Estado e atuasse com rapidez para reinstalar a ordem constitucional do país, o qual inclui o resgate e regresso do democraticamente eleito Zelaya.

Evo Morales e Hugo Chavez, presidentes de Bolívia e Venezuela, realizaram declarações públicas na manhã deste domingo, nas quais condenaram o golpe de Estado em Honduras e fizeram um chamado para que a comunidade internacional reaja, no sentido de restaurar a democracia e que regresse ao seu posto o presidente constitucional. Na quarta-feira passada, 24 de junho, aconteceu na Venezuela um encontro extraordinário dos países membros do ALBA (Alternativa Bolivariana para as Américas) , da qual forma parte Honduras, com o fim de dar boas vindas à organização a Equador, Antigua, Barbados, San Vicente e Granadinas. Durante o encontro, ao qual participou Patrícia Rodas, ministra de Relações Exteriores de Honduras, foi lida uma declaração de apoio ao presidente Zelaya na qual se condenava qualquer tentativa de impedir seu mandato e o processo democrático de Honduras.

Informes provenientes de Honduras estabelecem que o Canal 8 da televisão pública foi tomada pelas forças golpistas. Há poucos minutos Telesur anunciou que os militares hondurenhos estão cortando a eletricidade do país. Segundo informou a Ministra Rodas em Telesur: “ A comunicação telefônica e a eletricidade estão cortadas. As televisoras emitem desenhos animados e telenovelas e não informam ao povo de Honduras o que está sucedendo. “ A situação é muito parecida ao golpe de Estado de abril de 2002 contra o presidente Chavez na Venezuela, quando os meios desempenharam um papel chave, em primeiro lugar manipulando a informação como apoio ao golpe e, posteriormente, eliminando qualquer informação, uma vez que o povo começou manifestar-se e terminou por derrotar as forças golpistas regatando Chavez, que também foi seqüestrado pelos militares, e restaurando a ordem constitucional.
Honduras é uma nação que foi vítima no século passado de ditaduras e múltiples intervenções dos Estados Unidos, entre elas várias invasões militares. A última intervenção importante do governo estadunidense em Honduras aconteceu durante os anos oitenta, quando o governo de Reagan financiou esquadrões da morte e paramilitares com o fim de eliminar qualquer “ameaça comunista” em centro-américa. Naquele momento, John Negroponte era o embaixador estadunidense ante ao governo de Honduras e foi o responsável direto do financiamento e treinamento dos esquadrões da morte hondurenhos que assassinaram e desapareceram com milhares de cidadãos na região.

Na sexta-feira passada, a Organização de Estados Americanos (OEA) convocou uma reunião extraordinária com o fim de discutir a situação em Honduras. Posteriormente se emitiu um comunicado no qual condenou as ameaças à democracia e autorizou a viajem a Honduras de um grupo de representantes da OEA. Não obstante, na sexta-feira, Philip J Crowley, secretário de Estado adjunto estadunidense, se negou a definir posição do governo estadunidense com respeito ao possível golpe de Estado contra o presidente Zelaya e, em seu luar, emitiu uma ambígua declaração na qual declarava que Washington apoiava a posição do presidente Zelaya. Enquanto que a maioria dos governos latino-americanos declararam sem nenhum gênero de dúvida sua mais rotunda condenação dos planos golpistas de Honduras e seu contundente apoio ao presidente constitucionalmente eleito, o porta-voz estadunidense anunciou: “Nos preocupa a ruptura do diálogo político entre os políticos hondurenhos sobre a consulta constitucional de 28 de junho. Instamos às partes a que busquem uma solução democraticamente consensuada ao atual beco sem saída político, que seja conforme a constituição e as leis hondurenhas referentes aos princípios da Carta Democrática Inter-america.”

Hoje, domingo, às dez e meia da manhã, Washington ainda não emitiu nenhuma declaração relativa ao golpe de Estado em Honduras. A nação centro-americana é muito dependente da economia estadunidense, que lhe assegura uma das principais fontes de ingressos, as transferências de dinheiro que enviam os hondurenhos que trabalham nos Estados Unidos sob o programa de “estatuto temporal protegido”, instaurado durante a guerra suja de Washington na década de 80 por causa da enorme imigração a território estadunidense para escapara da zona de guerra. Outra fonte importante de ingressos de Honduras é USAID, que injeta mais de 50 milhões de dólares anuais para programas de “promoção à democracia”, os quais habitualmente dão apoio a ONG e os partidos políticos favoráveis ao interesses dos Estados Unidos, como foi o caso na Venezuela, Bolívia e outras nações da região. O Pentágono também mantém a base militar de Soto Cano em Honduras, com aproximadamente 500 soldados e numerosos aviões e helicópteros de combate.

Patrícia Rodas, ministra de Relações Exteriores, disse que tentou repetidamente entrar em contato com Hugo Llorens, embaixador dos Estados Unidos em Honduras, mas até o momento não havia respondido a nenhuma de suas chamadas. O modus operandi do golpe de Estado deixa bem claro que Washington está implicado. Nem o exército hondurenho, cuja maioria foi treinada pelas forças estadunidenses, em as elites políticas e econômicas do país derrocariam a um presidente democraticamente eleito sem o apoio e respaldo de Washington. As forças conservadoras de Honduras submetem ao presidente Zelaya a ataques cada vez mais freqüentes por sua crescente relação com os países do ALBA, em particular com Venezuela e o presidente Chavez. Muitos estão convencidos de que este golpe pretende assegurar que Honduras não seguirá aproximando-se dos países mais esquerdistas e socialistas da América Latina.

Texto traduzido por Leonardo Fernandes desde o site rebelion.org
Link para texto em espanhol: http://rebelion.org/noticia.php?id=87762

domingo, 28 de junho de 2009

Golpe Militar em Honduras


Na madrugada deste domingo o presidente democraticamente eleito em Honduras, Manuel Zelaya sofreu um golpe de estado por parte de uma cúpula de militares das Forças Armadas Hondurenhas.

O presidente Zelaya, depois de ser seqüestrado dentro de sua residência, foi trasladado para São José, Costa Rica, onde permanece. O golpe de estado aconteceu no dia em que ocorreria uma consulta popular sem caráter deliberativo para respaldar uma convocatória a uma assembléia constituinte junto com as eleições presidenciais que deveriam ocorrer no final do ano corrente.

O presidente Manuel Zelaya desde eleito promoveu um diálogo próximo ao grupo do ALBA – Alternativa Bolivariana para as Américas, que envolve presidente alguns presidentes com posições de esquerda na América Latina, como Cuba, Nicarágua, Bolívia, Equador, entre outros. O projeto que prevê acordos de cooperação mútua entre países do continente, agrega em sua carta de princípios a promoção da democracia participativa, principal bandeira do projeto bolivariano da Venezuela. Por essa razão, o presidente Hondurenho Manuel Zelaya havia convocado uma consulta popular, com único caráter consultivo, para saber da aprovação popular pela convocatória de uma assembléia constituinte para aprovação de uma nova Carta Magna para o país centro-americano.

Logo nas primeiras horas desse domingo, o presidente Zelaya fez contato com o canal de televisão Telesur, desde Costa Rica, onde foi resguardado pelo governo deste país, que mais tarde, assim como a grande maioria dos países Americanos, condenou o golpe militar em contra do presidente democraticamente eleito.


Pouco tempo depois, a Ministra de Relações Exteriores Patricia Rodas também se pronunciou por meio da Telesur, relatando a brutalidade de como se deu a intervenção militar no processo democrático do país. Quando ainda fazia contato com o canal de televisão, a Ministra foi seqüestrada assim como os embaixadores de Cuba, Venezuela e Nicarágua por um grupo de militares encapuzados em suas residências na capital hondurenha, Tegucigualpa. Os seqüestrados foram levados de forma violentados pelos militares e a Ministra Patricia Rodas permanece desaparecida, assim como vários outros seqüestrados pelos golpistas durante todo o dia. Os meios públicos de comunicação da Venezuela também denunciaram que vários ministros do governo de Manuel Zelaya foram detidos pelas forças armadas, assim como líderes de movimentos sociais que levam milhares de manifestantes às ruas em Honduras.

O presidente da Venezuela Hugo Chávez Fríaz se pronunciou ainda pela manhã deste domingo, rechaçando a intervenção militar em Honduras e disse que a reação em contra esse golpe deve vir de dentro e fora do país, indicando que através se iniciaria uma articulação para a reação contra a situação política que vive o povo hondurenho. Durante todo o dia, outros chefes de estado também se pronunciaram em rechaço ao golpe de militar, como o presidente da Bolívia Evo Morales, da Nicarágua Daniel Ortega, de El Salvador Mauricio Funes , do Brasil Luis Inácio da Silva e Cristina Fernández da Argentina, entre muitos outros.

Durante todo o dia, houveram manifestações em diversas partes do país centro americano, principalmente na capital Tegucigualpa. Na Venezuela, milhares de pessoas se concentraram em frente ao Palácio de Miraflores para manifestar solidariedade e apoio ao povo hondurenho na resistência contra o golpe militar da extrema direita hondurenha, pela restituição do presidente democraticamente eleito, Manuel Zelaya e respeito à vontade popular.


Desde Venezuela, abriu-se uma discussão importante sobre a situação em Honduras. O avanço de uma direita golpista frente ao estabelecimento de uma nova concepção de democracia participativa e fortalecimento de movimentos sociais de esquerda na região latino-americana. Tal avanço reflete em uma necessidade da classe burguesa desses países em manter-se em posição de combate às políticas que vêem sendo tomadas através de mecanismos como o ALBA, da qual já fazia parte Honduras.

Ao fim do dia, o presidente do Congresso Nacional, nomeado presidente da República de Honduras, depois do golpe militar desta manhã, Roberto Micheletti, deu a primeira coletiva de imprensa negando que havia ocorrido um golpe de estado no país, dizendo que somente se havia cumprido normas constitucionais, que ocorreram de maneira violenta e sem qualquer respaldo além de dos grupos políticos golpistas hondurenhos e de alguns meios de comunicação privados do país. Micheletti foi nomeado presidente da república depois que o Congresso Nacional exibiu uma carta de renúncia do presidente Manuel Zelaya, com uma assinatura mais tarde comparada pelos meios públicos venezuelanos com a assinatura verdadeira do presidente hondurenho. Além disso, o próprio Zelaya, desde Costa Rica, desmentiu a suposta carta renúncia. Ao fim do dia, Micheletti anunciou um toque de recolher de 24 horas, mas os manifestantes que continuaram nas ruas se negam a respeitá-lo.

Muito parecido ao que ocorreu durante os dias de abril de 2002 em Venezuela, quando depuseram o presidente Hugo Chavez durante três dias por meio de um golpe militar, o canal estatal foi tomado pelos militares logo nos primeiros minutos do dia, assim como diversos outros veículos de comunicação do país. Os canais privados estiveram durante todo o dia exibindo desenhos animados e programas de entretenimento, vedando o cerco midiático no país. Ainda assim, alguns veículos funcionaram dentro da clandestinidade mandando e recebendo informações para outros países. Assim mesmo, esses veículos tiveram muitas dificuldades para a transmissão de informações devido ao corte de energia elétrica em todo país denunciado pelo presidente Zelaya desde Costa Rica. Em Venezuela também, os meios de comunicação privados promoveram uma cobertura pro golpista, contra a postura do presidente venezuelano que disse ao fim do dia: “esse governo golpista, o derrocaremos”.

Durante o dia, o conselho de embaixadores da OEA – Organização de Estados Americanos – se reuniu e condenou enfaticamente o golpe de estado, militar, ocorrido em Honduras neste domingo. E convocou uma reunião para a próxima terça-feira 30, para determinar ações em contra ao governo golpista, que segundo esse mesmo conselho, não será reconhecido por essa organização.

Para o mesmo domingo, pela noite, foi convocada uma reunião com caráter de urgência em Manágua, na Nicarágua, entre os países que compõem a ALBA, para determinar as ações em favor da restituição de Manuel Zelaya como presidente de Honduras. As organizações sociais de esquerda hondurenhas chamaram à greve geral e à mobilização popular, que no dia de amanhã deve continuar, com fechamento de estradas e outras atividades por todo o país.

O presidente Chávez garantiu uma articulação para reverter o golpe de estado neste domingo em Honduras. Muitas coisas estão em jogo. O avanço da direita através de governos militares nos países latino-americanos frente a um fortalecimento de governos progressistas na região, uma possível repetição histórica do que ocorreu na região durante as décadas de 60 e 70.

Ainda com um pronunciamento contra os ocorridos em Honduras por parte do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, muito se conhece da história de intervenção norte-americana nos países do sul, bastante justificada pela atual crise econômica que vive o capitalismo, e conseqüentemente crise da economia dos Estados Unidos.
A crise política em Honduras, provocada por setores das Forças Armadas desse país, representa, portanto, mais uma intervenção dos setores da burguesia em países latino-americanos, como os que ocorreram nos últimos anos em Venezuela, em 2002 e na Bolívia, no ano passado, ambos fracassados.

Alguns links para seguir acompanhando os fatos em Honduras nesse domingo, 28 de junho.

www.telesurtv.net
www.aporrea.org
www.radioglobohonduras.com rádio clandestina hondurenha que segue com dificuldades enviando informações para fora do país.


Leonardo Fernandes,
Caracas/Venezuela, 28 de junho de 2009.

sábado, 13 de junho de 2009

Cronologia de uma matança anunciada



Na manhã de ontem, quinta-feira, 11 de junho, cerca de 300 pessoas se reuniram na embaixada do Peru em Caracas, Venezuela, para protestar contra o massacre de dezenas de indígenas na Amazônia peruana. O movimento, que integra Aporrea, a Comunidade Peruana Residente na Venezuela, o Centro de Estudos Sociais José Carlos Mariátegui, a Marea Socialista, o Coletivo de Trabalhadores em Revolução e a Frente Comunal Simon Bolívar, serviu de resposta a atual política do governo de Alan García contra os povos indígenas que vivem na Amazônia deste país acossados por recentes decretos legislativos que representam uma agressão à soberania dos povos originários da Amazônia.
O movimento ainda denunciou a maneira racista como vem tratando do assunto os veículos de comunicações peruanos e internacionais e ainda plantou uma série de reivindicações, entre elas, o julgamento político e penal ao presidente Alan García, sob a denúncia de agressão aos Direitos Humanos, derrogatória imediata dos decretos de leis “Antiamazônicos”, cesse imediato ao Toque de Recolher na região de Bagua, indenização aos familiares das vítimas do massacre, eleições para uma Assembléia Constituinte, por uma nova Constituição soberana, descentralista, democrática e patriótica, fim da criminalização das lutas amazônicas e sociais, assim como a liberdade dos companheiros lutadores do povo indígena peruano, inclusive o seu dirigente Alberto Pizango.

>A manifestação em Caracas acontece no mesmo dia em que manifestações em todo o mundo marcam um dia de lutas pela solidariedade com os povos indígenas amazônicos. No Peru, manifestações por todo o país marcaram o dia de ontem. Em Lima, cerca de cinco mil manifestantes tomaram as ruas e foram duramente reprimidos pela polícia.
Desde Venezuela, onde o governo do presidente Hugo Chávez, todavia não se pronunciou, as organizações sociais vêm tocando o debate de fundo sobre a situação no Peru. Frente à crise econômica mundial, os ataques ao povo devem ser intensificados pelos governos pró-capitalistas, como única forma de salvar o sistema econômico da burguesia. Frente a isso, a reação popular deve ser também intensificada. Assim se faz urgente a solidariedade e uma especial atenção aos movimentos de resistência no Peru, que constituem, portanto, para dizer o mínimo, uma fagulha de um processo de transformação refletida na ira de um povo contra um sistema, traduzido em RESISTENCIA POPULAR.
A luta no Peru vai mais longe ainda, por se tratar da luta dos povos originários da Amazônia, povos estes que ao longo da história de colonização de nossa América, foram massacrados, expulsos de suas terras, assassinados mais de centenas de vezes pelas diversas formas de colonização de nossos povos. É uma tarefa e uma responsabilidade da esquerda internacional, e ainda mais de nós latino-americanos apoiar a luta do povo peruano, por uma outra sociedade.


Foi exatamente por isso, que as recentes declarações do presidente fascista do Peru, o senhor Alan García, faziam ataques severos aos presidentes da Bolívia, Evo Morales, e da Venezuela, Hugo Chávez. O temor: que diante da crise, o povo se desperte para a construção de uma nova sociedade governada para o povo e desde o próprio povo.
Junto com a convocatória para o ato de ontem, as organizações apresentaram uma pequena cronologia que explica um pouco dos últimos acontecimentos que culminaram no massacre de dezenas de indígenas no último dia 5.

Cronologia de uma matança anunciada

Novembro de 2007:
Alan García publica no “prestigioso” diário “O Comércio” seus inteligentes artigos “el perro del hortelano” e “el perro del hortelano reloaded”, onde o nosso supremo presidente diz:
“O primeiro recurso é a Amazônia. Tem 63 milhões de hectares e chuva abundante. Nela, se pode fazer florestação madeireira especialmente nos 8 milhões de hectares destruídos, mas para isso se necessita propriedade, quer dizer, um terreno seguro sobre 5.000, 10.000 ou 20.000 hectares, pois em menos terreno não há investimento formal de longo prazo e de alta tecnologia.
Agora só existem as concessões que dependem da vontade do Governo e do funcionário que pode modificá-las. Por isso ninguém investe nem cria um posto de trabalho por cada dois hectares como deveria ser; nem há elaboração da madeira e exportação de móveis. Em sua maioria, essas concessões rapinas só têm servido para tirar a madeira mais fina, desflorestar e abandonar o terreno.
Pelo contrário, a propriedade formal por grandes empresas coletivas como os fundos de pensões permitiria fazer investimentos de longo prazo desde a semeadura até a colheita anos depois.
Os que se opõem dizem que não se pode dar propriedade na Amazônia (e por que sim na consta e na serra). Dizem também que dar propriedade de grandes lotes daria lucros a grandes empresas, claro, mas também criaria milhares de empregos formais para peruanos que vivem nas zonas mais pobres”.
Alguma menção aos povos indígenas? Não há, seguimos na época da seringa ao parecer...
12 de dezembro de 2007, García pede ao Congresso faculdades para legislar (por decretos legislativos) temas referentes à implementação do TLC (Tratado de Livre Comércio). Atenção que, segundo a Constituição Peruana, quando se pede faculdades para legislar, estas são específicas, e só se pode legislar sobre a matéria que se estabelece, nesse caso, o TLC.
19 de dezembro de 2007, o Congresso, como sempre tão rápido e eficiente, lhe concede as faculdades, artigo 2: o conteúdo desses decretos se limitará ao que concerne ao TLC. As faculdades são por seis meses.
28 de julho de 2008, ou seja, um pouco antes que se acabe o prazo para legislar, lança uma quantidade de Decretos Legislativos. Alguns regulavam até o tema das universidades, definitivamente muito que ver com o TLC...
Setembro e agosto de 2008, começam as paralisações dos povos indígenas, contra esses decretos.
Agosto de 2008, paralisação dos povos indígenas (AIDESEP agrupa a 1350 comunidades nativas): o Congresso derrogou o D.L. 1015 (a lei da selva, que permitia comprar, com o acordo de três pessoas, toda a propriedade da comunidade. Também a Defensoria apresentou uma demanda de inconstitucionalidade contra este D.L.) e o D.L. 1073. Javier Velazquez Quesquén, deputado do partido de García, o PARA, disse que conformará uma comissão para avaliar os Decretos Legislativos.
Dezembro de 2008, a comissão do Congresso apresentou seu informe, mas Quesquén disse que o apresentará no dia primeiro de fevereiro, já que os congressistas estavam de férias.
1 de fevereiro de 2009, chegou o dia do prazo, Quesquén não se pronunciou.
12 de março, AIDSEP envia cartas a Velásquez Quesquén lembrando qual havia sido seu compromisso.
9 de abril, não há resposta alguma da autoridades (já passou um mês desde o envio das cartas!!! Já passaram três meses desde que Quesquén se comprometeu a apresentar o informe!!!). Os líderes (atenção, não somente Pizango, cada comunidade tem um chefe que a representa) concordam em iniciar uma paralisação, mas restrita ao interior de suas comunidades.
18 de abril, em vista que ninguém fez caso das reivindicações – em uma entrevista Simón, o primeiro ministro do governo de Alan García, qualificou as demandas dos povos indígenas como caprichos – o movimento decide radicalizar o protesto.
20 de abril, se reúnem na Presidência do Conselho de Ministro. Simón se comprometeu com AIDESEP a formar uma comissão multi setorial (poder executivo e AIDESEP), mas diante da imprensa Simon diz que assinará a resolução para essa comissão multi setorial quando se levando a paralisação.
24 de abril, Quesquén diz que irá apresentar o informe da comissão multipartidária (o mesmo informe que deveria ser colocado para debate no dia 1 de fevereiro, porque em janeiro os congressistas estiveram de férias), mas... mas... mas antes deveria ser aprovado pela junta de porta-vozes... a junta de porta-vozes não a aprovou em totalidade.
Ultima semana de abril, Tarapoto y Yurimaguas se unem à paralisação.
9 de maio, o governo declara em emergência distritos amazônicos de 5 regiões do Peru. Estado de emergência: em caso de perturbação à paz ou à ordem interna, de catástrofe ou de graves circunstâncias que afetem à vida da NAÇÃO... (isso diz a constituição, bem claro, QUE AFETE A VIDA DA NAÇÃO).
11 e 13 de maio, Pizango se reúne com Simon. Não chegam a nenhum acordo. Simón diz que Pizango fala em castelhano, mas por telefone, se dirige “aos nativos” em seu “dialeto” (não sabe um primeiro ministro a diferença entre dialeto e idioma?)
15 de maio, Pizango fala do direito à insurgência.
16 de maio, Alan diz: “a selva é de todos os peruanos e não somente de um grupo” (não sabe por acaso o que implica o direito à propriedade e da posse? Não sabe que muitos povos têm títulos de propriedades desde os anos 70? Recordamos a ele o que o Código Civil diz sobe o direito à propriedade: “é o poder jurídico que permite usar, disfrutar, dispor e reivindicar um bem. Deve exercer em harmonia com o interesse social e dentro dos limites da lei”). Esse mesmo dia os dirigentes se reúnem com a Defensoria do Povo e anunciam que o protesto será dentro do Estado de Direito.
19 de maio, o D.L. 1090 (lei florestal e de fauna silvestre) é declarado inconstitucional pela comissão do Congresso, sua derrogatória agora tinha que ser DEBATIDA (atenção, não somente votada) pela totalidade do Congresso.
22 de maio, a tia Charo (Rosario Fernándes) denuncia a Pizango por incitar a rebelião, a sedição e a conspiração e diz: “escutamos os argumentos do senhor Pizango e não parecem de um nativo desprevenido”.
4 de junho: deliberadamente suspenderam o debate da derrogatória: Mulder, dirigente do PARA interpôs uma questão prévia para suspender o debate e a votação sobre essa lei até que a comissão multi setorial (sim, a mesma de Simon com os indígenas, que desde 13 de maio está parada), remita um informe sobre os decretos questionados. Nesse mesmo dia a Defensoria do Povo apresenta uma demanda de inconstitucionalidade: o D.L. 1064 vulnera os direitos constitucionais de propriedade da terra e de consulta prévia dos povos indígenas.
5 de junho: 369 “efetivos” da DINOES (Direção Nacional de Operativos Especiais) completamente armados, mais pessoal das Forças Armadas (também super armados), vão levantar o protesto, tendo como conseqüência: 23 policiais mortos e mais de 40 indígenas mortos e 120 desaparecidos. Sai então o chefe da Polícia a dizer que como “os nativos estão usando armas”, isso demonstra a infiltração. Conclusão de seu raciocínio: como são indígenas, não podem usar armas (seu cérebro não dá para tanto) e devem ser desprevenidos.



Leonardo Fernandes
Jornalista Alternativo
Desde Caracas, Venezuela, 12 de junho de 2009.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

La enfermedad mediática


La creatividad de los revolucionarios venezolanos creó un nuevo concepto para designar el terrorismo mediático practicado por Globovisión: la enfermedad.
¿Pero de que se trata esa enfermedad? ¿Cuáles son sus síntomas? ¿Y cuál es el procedimiento para la cura?
La historia de Globovisión y sus respectivos enlaces políticos en la historia de Venezuela per si es algo que enferma. Pero, más allá de sus orígenes, la actual práctica de comunicación del canal opositor desde el surgimiento del proceso bolivariano, agravó aún más los daños sociales que esa empresa de comunicación “nada social” viene causando en la sociedad venezolana.
Tomándose en cuenta los hechos del 11, 12 y 13 de abril de 2002, donde este canal de televisión desempeñó un papel fundamental en el golpe de estado en contra del presidente democráticamente electo, Hugo Chávez, no fue de extrañarse que, después de vuelta la normalidad del proceso político en el país, Globovisión encabezara una campaña de manipulación y terrorismo mediático.
Los venezolanos y venezolanas que estuvieron presentes en los acontecimientos de abril cargan en su memoria, además de los momentos de gloria del 13, imágenes dolidas de esos días marcados por una dictadura sangrienta, y de inúmeras muertes provocadas por las fuerzas enemigas del pueblo. Precisamente la conocida masacre del Puente Llaguno dejó la responsabilidad para el pueblo de Venezuela hacer justicia y obtener una respuesta frente a los procesos que fueron iniciados para juzgar a los policías criminales que participaron de esa masacre.
Desde entonces, Globovisión se empeñó en criminalizar a los luchadores de Puente Llaguno y victimizar a los policías asesinos; un ataque en contra de la justicia, un deservicio a la sociedad democrática, una comunicación, más allá de desnecesaria, dañina al proyecto de sociedad que el pueblo venezolano muy sabiamente eligió como camino de su historia. El pueblo hoy, materializado en las familias de las reales víctimas de aquella masacre, los comunicadores sociales y revolucionarios, así como los movimientos sociales que vienen siendo atacados día tras día por ese canal de televisión quieren justicia, quieren hablar.
Para hablar de Globovisión y de su papel en este proyecto de sociedad es imprescindible decir de la comunicación social, es decir, de la comunicación necesaria. La comunicación social, así como todo y cualquier ámbito de la sociedad capitalista está repleto de las contradicciones que son inherentes a este sistema económico y social. Por lo tanto, para la construcción del socialismo, es importante revisar el concepto y la práctica comunicacional que deseamos para nuestro nuevo proyecto de sociedad.
La cura, por lo tanto, de esa enfermedad mediática está en redescubrir el hacer comunicación. Está en darles voz a los medios populares, a las comunidades, a los consejos comunales, a los espacios de comunicación alternativa, a los movimientos sociales, para que hagan frente a la constante manipulación de los que representan los intereses de los imperios globales.
Si definitivamente llegamos a la conclusión que los ataques de esta empresa de comunicación representan un peligro inminente a la democracia y al poder popular que pasa a ser construido en Venezuela desde el proceso bolivariano, es posible que, desde el pueblo, desde nosotros mismos, encabecemos la lucha para acabar para siempre con la comunicación desnecesaria que desempeña Globovisión y que solo representa un ataque al pueblo venezolano, su lucha histórica, sus logros, y su proyecto de sociedad. Es así que, a las buenas publicidades hay que darles el mérito que tienen y repetir cien veces más: “Globovisión no informa, enferma. ¡Apague la enfermedad!”



Leonardo Fernandes

Aticulo publicado no jornal alternativo DePana. Caracas, junho de 2009.