domingo, 5 de julho de 2009

LEIA O JORNAL DEPANA:




JUNHO 2009

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MAIO 2009

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FEVEREIRO 2009

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Militares disparam contra manifestação desarmada e impede o retorno do presidente Zelaya a Honduras.

Estava marcado para hoje o retorno do presidente de Honduras, Manuel Zelaya, que no domingo passado sofreu um golpe de estado por parte de do alto mando militar e de instituições do poder hondurenho. Logo das primeiras horas do dia, uma enorme marcha foi organizada na capital Tegucigalpa rumo ao aeroporto internacional para receber a quem reivindicam como seu legítimo presidente.

Desde o domingo passado, o país centro americano vive uma ditadura comandada pelo senhor Roberto Micheletti, que declarou logo pela manhã que o presidente Manuel Zelaya estava proibido de regressar ao país. Ainda assim, desde Washington, Zelaya partiu para a capital Tegucigalpa acompanhado de uma comitiva de jornalistas e representações diplomáticas.

Pela tarde, o presidente golpista Roberto Micheletti, deu uma coletiva de imprensa, onde demonstrou total determinação em seguir adiante sem absolutamente nenhuma concessão ou possibilidade de negociação com os organismos diplomáticos. Vale dizer que ontem, sábado 04, o secretário geral da Organização de Estados Americanos - OEA - José Miguel Insulza visitou o país e afirmou que o governo golpista não havia dado nenhum sinal de possível negociação. Roberto Micheletti, na coletiva de imprensa, ainda deslegitimou a decisão da OEA de suspender Honduras desta organização e aplicação da Carta Democrática. Micheletti também acusou, nesta ocasião, que tropas nicaragüenses estavam se aproximando da fronteira, e ameaçando invadir o país pelo retorno do presidente Zelaya.

Enquanto realizava a coletiva de imprensa, nos arredores do aeroporto internacional, uma enorme mobilização popular, organizada pelos muitos sindicatos e organizações sociais que mantém uma greve geral desde a segunda feira passada, tentava furar o cerco militar que estava fortemente armado em todo o aeroporto internacional de Tegucigalpa. Por volta das 5 da tarde, cerca de 50 mil pessoas conseguiram furar o cerco militar e foram duramente reprimidos pelos efetivos que estavam no lugar.

Durante mais de 30 minutos os militares dispararam contra o povo que estava desarmado em uma manifestação completamente pacífica. Desde ontem, a Telesur, canal de televisão venezuelano, denunciou que haviam franco-atiradores posicionados nas torres de controle do aeroporto com ordem de disparar contra qualquer tipo de rebelião popular, ainda que estivesse desarmada. A ação das forças armadas hondurenhas deixou um saldo de mais de 5 mortos e dezenas de feridos, como denunciou as imagens de Telesur, e o dirigente do Bloco Popular, Juan Barahona que também anunciou que as mobilizações continuam amanhã, e que seguem exigindo o retorno do presidente democraticamente eleito Manuel Zelaya.

Telesur também denunciou a cobertura de vários veículos de comunicação internacionais que chamaram os acontecimentos de hoje de um enfrentamento entre manifestantes e exército, ao passo que as imagens divulgadas pelo próprio canal de televisão venezuelano mostram uma agressão brutal do exército hondurenho contra uma manifestação pacífica e completamente desarmada.

Por volta das 6 e meia da tarde o avião que trazia a comitiva do presidente Zelaya sobrevoou o aeroporto internacional de Tegucigalpa, mas rapidamente foi ativada uma mobilização de efetivos do exército hondurenho para impedir que o avião pousasse no país. O presidente Zelaya, assim como o comandante da aeronave deram declarações a Telesur, ainda quando sobrevoavam a capital, e denunciaram que a pista de pouso do aeroporto se encontrava fechada pelos militares e que o governo golpista havia proibido a entrada do presidente Zelaya no país. Dessa forma, a comitiva que levava o presidente Zelaya partiu para a Nicarágua, de onde poucos minutos depois se dirigiram a El Salvador, onde o presidente hondurenho se reúne nesta noite com outros presidentes latino-americanos, como Cristina Fernández, do Equador, Rafael Correa e Fernando Lugo do Paraguai o esperavam para uma reunião onde se deve determinar novas ações pela restituição do presidente hondurenho. Também acompanhava o presidente Zelaya o Ministro de Relações Exteriores da Venezuela, Nicolás Maduro.

Desde El Salvador, o presidente Daniel Ortega, da Nicarágua, desmentiu que tropas nicaragüenses estivessem posicionadas na fronteira com Honduras, e denunciou que se tratava de uma campanha do governo golpista para incitar ao confronto internacional e velar o processo político anti-democrático que vive o povo hondurenho.

Agora pela noite, desde San Salvador, o presidente Manuel Zelaya se solidarizou com os mortos no massacre produzido hoje na capital hondurenha de Tegucigalpa.

Os movimentos sociais, que resistem desarmados à repressão militar que vem intensificando desde o golpe no domingo passado prometeram resistir na greve geral e na mobilização nas ruas de várias cidades do país, para exigir o retorno do presidente Zelaya a suas funções como presidente da república de Honduras. Neste momento as negociações com o governo golpista devem ser retomadas de imediato, e dessa forma, os organismos diplomáticos internacionais devem propor novas ações contra o regime golpista hondurenho.


Leonardo Fernandes
Caracas/Venezuela, 05 de junho de 2009.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Informes e reflexões sobre a situação política de Honduras sob um regime militar.

Informes e reflexões sobre a situação política de Honduras sob um regime militar.

Diante do prazo dado pelas Nações Unidas de 72 horas para a reintegração do presidente Zelaya como presidente de Honduras, Zelaya declarou que espera até o próximo sábado para devolver-se ao país. A viagem estava anteriormente marcada para a próxima quinta-feira, e na delegação que acompanharia o presidente já estavam confirmados os presidentes de Argentina e Equador, Cristina Fernández e Rafael Correa, e o secretário geral da OEA Miguel Insulza, entre outros representantes diplomáticos.

O governo golpista do general Roberto Micheleti não deu sinais de trégua, e alertou aos presidentes latino-americanos não comparecerem no país. Micheleti reafirmou a decisão de deter o presidente Manuel Zelaya assim que este pise em solo hondurenho. O dia de hoje, foi marcado por uma intensificação ainda maior da repressão. Segundo os canais públicos venezuelanos, a caça aos dirigentes sociais se intensificou com a aprovação pelo congresso nacional de prisões sem mandato.

Para amanhã, os movimentos sociais e campesinos e os sindicatos que chamaram à greve geral que já está no seu terceiro dia, organizavam uma grande marcha em Tegucigalpa para receber ao presidente Zelaya que tinha anunciado anteriormente que chegaria a Honduras na próxima quinta feira. O governo golpista ordenou aos militares que disparem contra qualquer veículo que tente chegar à capital.

O “Foro Intinerante”, um espaço de debate e formação política sobre diversos temas que envolvem o internacionalismo, realizou hoje em Caracas o debate “Golpe Militara em Honduras, os meios atacam de novo”. O foro se concentrou em analisar os diversos elementos históricos do continente latino-americano que possibilitam os fatos ocorridos no pequeno e desconhecido país centro-americano.

O internacionalista Sergio Rodríguez Gelfenstein tratou de explicar as diversas transformações na geopolítica do continente latino-americano. Os primeiros movimentos da esquerda depois dos processos de democratização dos países nos anos 90. O levantamento dos Zapatistas, o triunfo de um militar insurgente do exército venezuelano, o primeiro indígena presidente. Rodríguez também falou de alguns acontecimentos dos últimos meses que demonstravam um fechamento do cerco à direita pelos países e governos de integração. A tentativa frustrada de golpe na Bolívia, o triunfo de uma constituinte no Equador, a vitória da Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional em El Salvador, todos esses e muitos outros fatores, foram indicando um avanço nos processos políticos desses países para governos de esquerda.

Frente a isso, uma crescente direita militar, organizada e formada pelas escolas militares norte-americanas começa a movimentar-se para causar desestabilização política, e atacar essa nova articulação de poderes no continente. É essa direita fascista que promove o golpe militar na Venezuela em 2002, produz um massacre na Bolívia, e derruba o governo de Manuel Zelaya em Honduras.

O Foro também concluiu que as negociações que neste momento ocorrem entre as diversas organizações diplomáticas com os militares golpistas em Honduras, dependem entre outras coisas, da mobilização popular. Os hondurenhos, desarmados, estão já ha tres dias nas ruas, sofrendo uma brutal repressão, tentando manter vivo o espírito de luta para devolver ao poder o presidente que, seguramente muitos deles não sabiam, tem uma importancia fundamental na construção da democracia desse país, que permita e promova a participação popular como fundamento de sua Carta Magna.

Na Venezuela se debate muito sobre algumas articulações insurgentes dentro do exército hondurenho, que fue precisamente um dos fatores fundamentais para o retorno do presidente Chavez ao poder em 2002, dois dias depois de sofrer um golpe militar. Mas para o Foro Intinerante desta quarta-feira, a mobilização popular e a pressão internacional serão os fatores decisivos para o desenrolar dos fatos em Honduras. O que já não se tem dúvida, é que estão em jogo correlações de forças que representam aprofundação ou retrocesso radicais para os povos de nosso continente.